Megalomania

Poderia esta página chamar-se "a outra face" mas preferi chamar-lhe de "megalomania"

Não é só o dito palacete que se encontra moribundo, também o projecto urbanisto megalómano parece-me já estar morto e enterrado. Pode ser que daqui a algum tempo, este projecto seja desenterrado, não sei é se vai a tempo de ser recuperada a boa imagem que já teve.


Um pouco de história.


Extraída do site "Setubal na rede", a notícia em 1999 era assim:

Mega-urbanização no concelho da Moita
40 milhões para a Fonte da Prata

A Urbanização Quinta Fonte da Prata na Moita contará com 51 hectares de terreno e vai custar 40 milhões de contos, sendo já conhecida como o maior empreendimento urbanístico do concelho e um dos maiores do distrito. Da responsabilidade da promotora imobiliária Ulipim, uma joint-venture luso-espanhola, composta pelos grupos José de Mello, e a Fadesa, um grupo espanhol com uma vasta experiência no sector imobiliário em Espanha, este projecto foi apresentado oficialmente no dia 2 de Setembro.

Os promotores desta obra de grande dimensão, a realizar na freguesia de Alhos Vedros, prevêem que os trabalhos comecem até ao final do mês de Outubro e acabem em meados de 2008. Até lá espera-se que cerca de 2900 fogos já estejam construídos, com cerca de 10 mil pessoas a residir na urbanização da Quinta da Fonte da Prata.

Segundo Juan Pedro Antequera, director-geral da Ulipim, este empreendimento é direccionado para os clientes da classe média, sendo que o objectivo é "facilitar a jovens casais o acesso a uma habitação com uma qualidade superior à média", numa região como a margem sul, que "tem vindo a beneficiar dos acessos facilitados a Lisboa".

A Câmara Municipal da Moita viabilizou este projecto de urbanização, depois da Ulipim ter feito diversos estudos de impacte social, urbanístico e ambiental. Como contrapartida, a Ulipim responsabilizou-se por criar diversos mecanismos de desenvolvimento na zona da Moita, como o abastecimento de água, o tratamento das águas residuais e acessos rodoviários à IC3.

Para além do carácter habitacional que este projecto comporta, a urbanização da Quinta da Fonte da Prata engloba projectos de uso colectivo como um parque, escolas do ensino básico, jardins de infância, uma biblioteca, um centro de saúde e ainda um pavilhão e vários campos desportivos.

Setembro de 2001, é a data prevista para a conclusão da primeira fase deste empreendimento urbanístico, altura em que já estarão construídos 557 fogos, sendo na sua maioria T3, uma vez que os T2 e os T4 serão construídos mais tarde.

A decisão de construir primeiro os T3, resultou de um estudo de mercado, junto da população da Grande Lisboa, de onde saíram também conclusões decisivas quanto aos materiais a utilizar nos interiores dos fogos a construir. Para este projecto foi reservada uma área total de 340 mil metros quadrados para a zona habitacional, e cerca de 15 mil metros quadrados para os espaços comerciais.

José Carlos Cruz - 06-09-1999 12:39 



a maquete da maravilhosa urbe


a publicidade foi imensa
e conseguiu o objectivo de recolocar uma boa imagem na Quinta Fonte da Prata



mas, entretanto, sobreveio a crise e, na prática, o projecto ficou assim e parece que assim ficará 
Pois é, assim ficará ou talvez não, pode ainda ficar pior se (como digo na página inicial) não forem acauteladas medidas que promovam o seu desenvolvimento.

Algumas dessas medidas, prendem-se com a manutenção dos espaços e equipamentos que apesar de tudo, já estão no terreno. É realmente pena ver o abandono de espaços que parecem equipados e infra estruturados mas que, a continuarem abandonados, rápidamente serão eles também um problema para quem habita o bairro.


o início de um depósito de lixos

uma infra estrutura enterrada e pronta a utilizar

grandes buracos, tal como o "buraco financeiro" do construtor, não deve ter retorno

a vegetação começa a inundar os passeios

não sei bem para que serve esta plataforma, de qualquer modo, dentro de pouco tempo, não servirá mesmo para nada

assim como esta "zona verde"

que ainda vai possuindo alguns dos equipamentos "mobiliário urbano"

até quando estas peças se vão manter incólumes?

apesar dos envolvimentos não estarem cuidados, as peças ainda cá estão e mesmo que os "repuxos" não funcionassem, pelo menos algum cuidado com o envolvimento era bem vindo

outro exemplo da "zona verde"

com alguma degradação visível

pena não estar cuidado para ser aproveitado

pois o espaço é generoso

denota, tal como todo o parque, alguma tristeza pelo abandono que inevitávelmente proporcionará a vandalização





e é, "mais produção, melhores salários" mas se só dás um pulinho por que é que eu tenho de pagar como se desses dois pulos? ou então, se só recebo para dar um pulinho porque é que tenho de dar dois pulos? e enquanto se filosofa sobre as questões existenciais da partidocracia política, o parque e por arrastamento o bairro, vão sendo adquiridos pela incerteza

a incerteza da qualidade da construção

ou talvez a falta de manutenção

a manutenção e cuidados de que até as árvores generosamente plantadas nas ruas carecem

pois aquelas em que o homem não interviu, estão bem pujantes

Como conclusão, direi que o projecto foi e é megalómano, pois não teve em linha de conta alguns perssupostos; mas essa é afinal a prática do país no seu todo, por isso, fazer a crítica só a este projecto ficaria muito redutor.
No entanto, já que as estruturas estão no terreno, deixá-las ao abandono, tal como está o palacete, não é redutor, é um desperdício criminoso de má gestão dos recursos. Sim, porque para mim, estas estruturas não deixam de ser recursos que podem ser rentabilizados se não se perderem de todo.